O descaso nosso de cada dia!

Todos devem ter acompanhado no último domingo, dia 02, o incêndio que destruiu grande parte do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro. O incêndio de grandes proporções destruiu pelo menos, segundo estimativas 90% do acervo, que totalizava mais de 20 milhões de peças.

A NUMESE, como instituição comprometida com a numismática e áreas afins, lança aqui uma nota de pesar, para com a situação em que vive o patrimônio cultural, científico e histórico brasileiro. Grande parte da população está indignada com o ocorrido, mesmo muita gente desconhecendo a existência do próprio museu, abraçou a causa e assim como nós, está de luto pelo Museu Nacional e a falência do Estado brasileiro para com o mesmo.

A importância do Museu Nacional é imensa em nossa história. Ele abrigou a Família Real Portuguesa na sua vinda ao Brasil, depois da Independência do Brasil, passou a ser a residência da Família Imperial Brasileira, até a proclamação da república. Desde 1938 foi tombado pelo IPHAN e está sob tutela do Governo Brasileiro. Era considerado um dos maiores museus de história natural das Américas.

Entre seu acervo figurava peças únicas de coleções e presentes dados a coroa imperial brasileira. Em sua entrada estava o Bendengó, maior meteorito brasileiro já encontrado (5 toneladas) e o Santa Luzia (2 toneladas), além de uma coleção com outros meteoritos. Aproximadamente 70.000 itens de geologia, paleontologia e mineralogia de várias partes do Brasil e mundo. Destaca-se vários fósseis de dinossauros que estavam em exibição e o crânio de Luzia, o ser humano mais antigo que habitou o Brasil, já encontrado. Também muitos documentos e decretos imperiais, cartas, coleção de múmias egípcias. Tudo consumido pelas chamas.

A perda é irreparável

Muitos outros museus afora neste país estão na mesma situação: abandonados, sem verbas, com péssima infraestrutura. Esperando apenas um desabamentos, curto circuito ou um vândalo para por fim ao seu propósito, o de preservação de nossa história. A perda é irreparável,

O Brasil ficou mais pobre este domingo, o povo ficou órfão de cultura, história, ciência e todos elementos que países sérios e desenvolvidos cuidam como parte de suas riquezas. O acervo numismático era praticamento inexistente, está todo no Museu Histórico Nacional, que também está com problemas de manutenção. Esperamos que agora o povo acorde para esta situação deplorável que permeia nosso país há anos. Nós da NUMESE lamentamos profundamente com tudo o que ocorreu, vem ocorrendo e pode vir a ocorrer.

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Um país sem cultura, ciência e que não preserva a sua história, está fadado ao fracasso.

A cerca das MacCoins… Um breve relato

No último dia 02 de agosto, a rede estadounidense de fast food, Mc Donald´s, lançou uma promoção mundial comemorando os 50 anos de seu Hambúrguer mais famoso, o Big Mac. Criado em 1968 por Jim Delligatti, o Big Mac virou febre mundial. Sua fama rendeu até um índice econômico baseado no seu preço em vários países, o índice Big Mac (Big Mac Index). A data escolhida não foi ao acaso, se estivesse vivo o seu criador, (falecido em 2016), completaria 100 anos.

A promoção

A referida promoção trata de 5 tokens¹ comemorativos, chamados de MacCoins, onde cada um traz um tema baseado em uma década diferente, desde a criação do hambúrguer, e detalhes ligados a esse período. Ao comprar um combo do Big Mac, você pode escolher entre usar o token para trocar por outro lanche, ou guardá-lo como uma lembrança (souvenir) da promoção. Embora a promoção esteja fazendo muito sucesso, não é a primeira vez que empresa lança tokens comemorativos.

https://www.independent.co.uk/life-style/food-and-drink/maccoin-mcdonalds-where-get-big-mac-50th-anniversary-coin-currency-free-a8473111.html

Claro que a intenção da empresa ao lançar as MacCoins, foi do marketing que criaria em torno da venda do produto. No entanto não foi só isso, a ideia é criar também uma áurea de diversão, não só o estímulo ao consumo, mas uma maneira das pessoas terem um brinde legal para lembrar a data e o produto. A empresa sempre inovou em oferecer brindes acompanhados de seus lanches, e é um dos sucessos até hoje pela qual a marca é reconhecida. Os tokens podem ser colecionáveis, entre entusiastas, mas dificilmente entre colecionadores avançados e numismatas. Não passam de curiosidades, tais como, fichas de cassinos, telefônicas, medalhas de visitação de pontos turísticos, etc.

Características das MacCoins

Anverso: Numeral 50, acima o texto 1 BIG MAC, abaixo o logo do Mc Donald´s e a inscrição MINTED IN USA. Ao redor em sua orla, VÁLIDO EM 2018, em diversos idiomas.

https://www.coinworld.com/news/us-coins/2018/08/mcdonalds-launches-big-mac-token-promotion.all.html

Reverso: 5 temas diferentes, cada um apresentando um período de dez anos com detalhes da década representada (1968-1978, 1978-1988, 1988-1998, 1998-2008 e 2008-2018).

https://the300s.com/2018/07/31/the-big-mac-economy-is-here/

Local de cunhagem: Todas elas vem com a inscrição MINTED IN USA (Cunhada nos EUA), não se sabe de outro local de cunhagem.

Quantidade cunhada: Apesar de não ter informações oficiais, até o momento a estimativa é de 6 milhões distribuídos pelo mundo todo. Em encartes brasileiros foram estimados 324 mil peças para o Brasil, segundo a própria Mc Donald´s.

Graduação: A empresa também estadounidense NGC² (Numismatic Guaranty Company), graduou o token em seu estado de conservação, através de uma moeda enviada para a mesma para análise. A graduação de se EC (Estado de Conservação), atingiu MS68 em uma escala que vai até MS70. Significa dizer que a peça manteve características da cunhagem, como brilho e relevo bem aparentes, mesmo se tratando de uma meissão particular com caráter promocional. Mostra uma boa qualidade em seu material e cunhagem, superior mesmo até a emissão oficial brasileira das moedas de centavos e 1 Real.

Composição: Depois de uma análise com espectrômetro de raios-x, verificaram que a liga é de 70% Cobre e 30% Zinco, formando a chamada Liga de Latão, com cor dourada característica, muito utilizada em várias áreas da na indústria, principalmente na confecção de jóias, moedas e medalhas.

Curiosidades

Nos EUA, elas são entregues em envelopes plásticos protegidos, já aqui no Brasil, são oferecidos sem a proteção mesmo. Uma pena pois as mãos engorduradas acabam manchando e facilitam arranhões. Se não armazenadas corretamente, vão escurecer e perder o brilho original da peça.

https://picclick.com/Mac-Coin-50th-Anniversary-coin-McDonalds-Big-Mac-273387779074.html

Segundo o site de notícias Mirror do Reino Unido, a oferta não se estende a terra da Rainha, mas não dá mais detalhes do porque dos britânicos não terem acesso a promoção.

Você pode está achando estranho o termo token, mas é o mais correto para designar a peça em questão. Não se trata de moeda pois não é emitido por um órgão oficial sob legislação. Lembrando que a MacCoin não tem poder liberatório (uso para pagamento de débitos), apenas pode ser trocada por um outro Big Mac, ou guardada para coleção. Trata-se de uma emissão privada de um token.

Nos EUA, como no Brasil, o comércio das MacCoins está a todo vapor. Lá na Tio Sam, pede-se U$ 60,00 no set completo dos cinco tokens, enquanto que no Brasil o chega-se ao absurdo de comerciantes numismáticos cobrarem entre R$ 200 e R$ 250 nas cinco peças. Infelizmente a tendência é que a promoção acabe, logo que encerrar o estoque, pois nesse momento por R$ 22,90 você consegue um MacCoin e um lanche completo, mas em breve quem não aproveitar a promoção pode ficar sem, e a mercê dos comerciantes de plantão.

Aproveitem! Comam, peguem sua MacCoin, levem-na para casa, guarde e quem sabe no futuro isso não os estimulem para novas investidas ou curiosidades na numismática?

¹Tokens: Peça sem valor numismático, pode ser colecionável como curiosidade, equivale a uma ficha (para se obter algo específico) ou souvenir.

²NGC: Numismatic Guaranty Company, é uma empresa dos EUA, mundialmente conhecida por graduar moedas, cédulas, medalhas e outros itens colecionáveis, através de escalas de estados de conservação padronizadas.

Fontes:

https://www.mirror.co.uk/news/uk-news/mcdonalds-marks-50th-anniversary-big-13001973

https://eco.pt/2018/07/31/maccoin-a-moeda-da-mcdonalds-que-vale-um-big-mac-o-conhecido-hamburguer-faz-50-anos/

https://guiadobitcoin.com.br/mccoin-mcdonalds-criptomoeda-big-mac/

https://www.independent.co.uk/life-style/food-and-drink/maccoin-mcdonalds-where-get-big-mac-50th-anniversary-coin-currency-free-a8473111.html

Aracaju e seus 150 anos

Aracaju estará completando no próximo dia 17 de março, 163 anos de fundação. Criada em 1855 para ser a nova capital da Província de Sergipe, anteriormente, apenas uma vila de pescadores no alto da Colina do Santo Antônio, substituiu a antiga capital São Cristóvão.

Em 2005 a cidade celebrou os 150 anos de fundação, e diversas comemorações foram feitas em torno da data. Mas uma em especial foi passada despercebida pela população, que talvez desconheça sobre o campo da medalhística. Trata-se da emissão comemorativa de medalhas do sesquicentenário de aniversário de Aracaju, feita pela Casa da Moeda do Brasil (CMB), homenageando tal data com três medalhas: em ouro, prata e bronze, para colecionadores e entusiastas.

Característica das medalhas:

Anverso: O enfoque é a beleza natural da cidade. No campo, logomarca oficial comemorativa com a inscrição: “Aracaju/150/anos”. No fundo , estilização de palmeiras e do perfil da vista da cidade.

Reverso: O enfoque é histórico e institucional, representados por dois símbolos. À esquerda, em perspectiva o prédio da prefeitura numa base ondular com as eras “1855/2005” e a direita ao fundo, o brasão da cidade de Aracaju.

Criação e modelagem: Kátia Dias

Emissão: 8 unidades

Título: 900

Material: Ouro
Peso: 100g
Diâmetro: 50mm

Preço: R$ 27.303,00

Emissão: 310 unidades

Título: 900

Material: Ouro
Peso: 64g
Diâmetro: 50mm

Preço: R$ 370,00

Emissão: 190 unidades

Título: —

Material: Ouro
Peso: 55g
Diâmetro: 50mm

Preço: R$ 195,00

A magnitude de tal representação é muito significativa, pois denota o reconhecimento de uma instituição pública e histórica, como a Casa da Moeda do Brasil, numa data tão importante para a cidade. Sendo Aracaju uma das cidades homenageadas dentre algumas, que tiveram semelhante privilégio.

Fonte: https://www.clubedamedalha.com.br/temas/lugares-e-cidades/aracaju-150-anos

Carta aos Numismatas Sergipanos

Por vezes a numismática é referida como um hobby ou distração, mas na verdade vai muito além disso. É uma verdadeira arte, ciência e técnica onde remontamos a história e economia de uma época. Um legado que podemos conhecer muito mais que metais ou papéis onde valores são expressos e circulados. Trata-se de nos transportarmos no tempo para uma outra época, entender uma sociedade diferente da nossa e nos encantarmos com o brilho dos metais, dos temas das cédulas e do que tudo isso representa hoje. A numismática em muitos países não é apenas bem vista como estimulada desde cedo. Em nosso país, apesar de muitos adeptos, a numismática, além do colecionismo, é restrita a uma parcela pequena, dos quais estes estudam, debatem e se instruem cada vez mais nesse ramo. Em Sergipe não é diferente, temos um número reduzido de pessoas que praticam a numismática e notafilia de forma instrutiva, não se limitando apenas ao ajuntamento de peças sem saber seus devidos valores e importância histórica. Em meio a esse cenário, na tentativa de conciliar pessoas com os mesmos interesses, nasce uma proposta que apesar de não ser inédita, acabou se firmando. A de fundar uma Sociedade Numismática, com um espaço para estudar e divulgar essa ciência quase que desconhecida pela sociedade brasileira e consequentemente sergipana. O primeiro passo está sendo dado em direção a consolidação de Sergipe, dentre os estados onde possui um apreço de forma oficial pela numismática. Então que venha a NUMESE, ou Sociedade Numismática Sergipana, para preencher esta lacuna que nos falta ao que nos une.